sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Dar-lhe um nó

Apetece-me dar-lhe um nó
pegar nas pontas do tempo e dar-lhes um nó
obrigá-las a encontrar-se em tempos idos
quebrar a distância...
calar o silêncio que me deixa cega
trôpega pelos caminhos,
não lhes encontro sentido
por isso deixo-me ir
sigo ao sabor da corrente
à procura de algo que há-de vir
calando a voz da alma
mais forte que tudo ouve-se ainda
a vontade de torcer o tempo

1 comentário:

Jaime A. disse...

sim,
um nó de forca,
para bem longe.
longe, afastado,
e os meus tempos
caminham furtivos,
assim a passo rápido
e distante,
onde as palavras
já não se dizem,
onde nada existe;
e o húmus
escorrendo
pelas veias do tempo,
lembra este absurdo,
de uma vida que se torce,
não vem,
não retorna de sítio algum.
ao sabor da corrente
seguem memórias,
a alma calou-se há muito,
e há um cego
e um violino
à esquina
do marulhar da solidão...